terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Rock e a Morte

O casal que viveu intensamente a juventude, mas que envelheceu careta, se separou, e nem se entreolham mais.


Ele agora diz que ela foi um passado inconseqüente. Ela rebate, dizendo que ele não é mais criativo como antes, agora é óbvio demais.


Porém, seu relacionamento deixou boas lembranças. Gerou bons frutos. Criou o nosso “way of life” – com suas qualidades e defeitos, mas sempre acreditando ser livre.


Antes de hoje, era “sexo, drogas e rock’n’roll”.


E a morte estaria ao lado, pronta para dançar com aquele que ousasse ser mais livre que o modismo.


Os convidados dessa festa:


Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison.


Os maiores representantes da geração “sex, drugs and rock’n’roll” morreram todos aos 27 anos ao findar os anos 60. Depois do Monterey Pop e do Festival de Woodstock, nada parecia tão emocionante que os fizesse recusar a parceria com a jovem Morte.



Jimi Hendrix no Monterey Pop Festival, apresentado por Brian Jones - Rolling Stones.



Janis Joplin, com voz explosiva, canta Try no Festival de Woodstock.



Jim Morrison em Light My Fire, é sexo, drogas e rock’n’roll.



O relacionamento entre o Rock e a Morte começou com um flerte enamorado no final da década de 60. Brian Jones, multi-instrumentista e membro-fundador dos Rolling Stones, foi encontrado submerso nas águas da piscina de sua residência no ano de 1969. O homem que apresentou a banda “The Jimi Hendrix Experience” dois anos antes, no Festival Pop Monterey, morria, aos 27 anos de idade.



Paint it Black – a mente por trás do sucesso, com a cítara.


1967 foi a data de nascimento do quinto integrante no salão principal da dança da Morte. O compositor, vocalista e guitarrista da banda Nirvana, Kurt Cobain, entrou de penetra na dança, ao seu estilo: um tiro de espingarda atravessando sua cabeça. A Morte não resistiu a tal cortejo, ficou lisonjeada.



Kurt Cobain: Voz depressiva mas potente. Escarneceu de quem queria ser sério. Tome Scoff.


O Grunge do Nirvana foi diretamente influenciado pelo Punk Rock de outrora. Uma Anarquia no Reino Unido dos Sex Pistols que havia animado a já por uma década entediada Morte, na segunda metade dos anos 70. Ela enamorou-se de Sid Vicious, baixista da banda inglesa, e o levou para o meio do salão em 1979, após uma overdose.



3 acordes? E tu lá sabe o que é isso, Mané!


Se o “ódio e destruição” entrava em luto em 1979, a “paz e amor” o faria em 1980. John Lennon fundou a banda que se tornaria os Beatles em 1957 e logo convidaria Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Saindo dos rebeldes anos 50 e atravessando os conturbados anos 60 alcançava-se os confusos anos 70. Mas só poria um pé nos melancólicos anos 80. Mark Chapman apresentou a amadurecida dançarina.



Presente para os fãs: Beatles Cartoons.



“Eu prefiro morrer antes de ficar velho”, o guitarrista escreveu, o vocalista pronunciou, o baterista aceitou, e a Morte compareceu. Keith Moon, baterista do The Who, morria aos 32 anos.



Destruindo tudo! It’s My Generation, Baby!


Passando pelos anos 70 e chegando aos anos 80, o Rock foi representado por duas ondas maiores: por um lado o Pop Rock num tom por demais deprimido, e por outro com o Heavy Metal, por demais teatral. Terminando essa era houve um parceiro de honra para a Morte no início dos anos 90. O líder do Queen, Hard & Glam: Freddie Mercury.


Killer Queen de 1974.


Se o vírus da AIDS era perigoso, a senhora Morte se sentiu contagiada. Assim, pulou de um relacionamento a outro com Cazuza e Renato Russo.



A ideologia de Cazuza; e nossos heróis morreram de overdose, parada cardíaca, AIDS...



Será? Rock para quem não entende o que é isso.


A Morte chegou ao século XXI e logo tocou um coração: Cássia Eller.



O Segundo Sol, ao vivo, para sonhar.


A pluralidade de danças a que a Morte se encantava alcançou o século XXI. E Amy Winehouse desviou para o salão de Jazz-Soul essa parceira indomada do Rock que se chama Morte.



Fuck me Pumps, “então aposente seu salto alto de puta”. Uau!


E se é da bela Morte que vos falo, então deixo aqui essa poesia, do mestre Raul Seixas:



Canto para a minha Morte


Mas antes de findar, a jovem Morte garante que também dançou com o célebre Rei, em 1977, após um ataque cardíaco aos 42 anos.



Com a palavra o Rei, em My Way

A Morte dançou com o Rock, tornando-o Imortal.
Valeu! e abraços!

Escravos - é sério!

Aprendemos na escola que os escravos eram negros que foram trazidos à força para o nordeste do Brasil com a intenção de realizar trabalhos para os brancos europeus. Assim como os índios, que não eram apenas catequizados, pois na porção sudeste de nossa terra amada a chegada de negros escravos era dispendiosa devido à distância e os bandeirantes os capturavam para a escravidão nas lavouras paulistas.



Depois, crescemos e descobrimos o significado de preconceito, racismo, desigualdade social. Talvez até que a violência seria fruto disso. Negros seriam favelados, ladrões, e até macumbeiros!



Nos aprofundamos mais no assunto desencavando a noção de diferença religiosa, de quem vai para o céu ou para o inferno, e que os escravos eram proibidos de praticar sua religiosidade pagã, idólatra, bárbara, demoníaca. Nem mesmo teriam alma. Nem negros nem índios deveriam existir, apenas os cristãos. E descobrimos textos de jesuítas que por um lado criticavam os maus tratos cometidos por senhores de escravos, mas por outro pregavam o trabalho árduo dos escravos para purificar seus corpos visando à salvação. Admoestavam os senhores que privassem os escravos dos sacramentos da igreja, mas taxavam estes de preguiçosos quando desafiavam os senhores, pois não eram “bons escravos”.

Foram suprimidos, espremidos, sufocados. Tiveram o sangue derramado. Mas resistiram. O cristianismo branco europeu não triunfou. Mas foi quase... e ainda hoje é maioria.

Hoje. Mais de um século após o assim chamado fim da escravidão. Quando ‘liberdade’ é entendida como ‘Faze o Que Tu Queres’ e falar o que pensa sobre tudo é sinal de inteligência – resultado lógico da existência da internet.



Nós – eu e você – temos uma crença.

Acreditamos que as redes sociais alcançaram o mundo e além. Que todos estão conectados e felizes com imagens e informações, atingindo, invadindo, penetrando todos os lares e recantos. Sabemos de tudo. Nada nos escapa. A internet nos deu onisciência.

Pois bem.

Você sabe quem são os 52 escravos libertados numa zona rural do Estado do Pará, nesse início de 2012? Os 35 libertados, incluindo três adolescentes, de uma área da Madeireira Miguel Fortes em Bituruna, Estado do Paraná? Os 38 escravos na construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia? Os 81 escravos utilizados na Usina Paineiras, em Itabapoana, RJ, em 2009? Os 95 escravos da Fazenda Marrecas, em Campos dos Goytacazes, RJ, em 2010? E os 401 encontrados na Usina Santa Clotilde S/A, Alagoas, em 2008?

E os 11 escravos libertados em 2010 da fazenda de Fernando Jorge, este um dos homenageados pela Câmara de Cubatão anos antes, mesmo após denúncias? E os 39 escravos na colheita de café, em Marechal Floriano, Espírito Santo, sob a supervisão de Luiz Carlos Brioschi e Osmar Brioschi, este homenageado com placas e diplomas na Assembléia Legislativa do Espírito Santo dois dias depois da divulgação da libertação de seus escravos?

Nove escravos foram encontrados, em 2009, sob as asas do político Evanildo Nascimento Souza, na época secretário do Meio Ambiente de Goianésia do Pará (PA). Isso mesmo que você leu: Secretário do Meio Ambiente.

A Região Centro-Oeste de nosso amado país liderou o número de libertações em 2011, conseguindo libertar 742 escravos. Um ano antes, o Sudeste resgatava 992 homens, mulheres e crianças da condição de escravidão.

As fazendas de gado, os canaviais, as carvoarias são as atividades que apresentam maiores índices de libertação de escravos. A construção civil e oficinas de costura também elevaram a estatística da exploração.

Mas quem vê esses escravos? Você vê? Eu vejo? Não, não vemos. Mas não porque eles estão encobertos no meio do mato, numa distante fazenda, nem na zona rural, ou florestal.

 

Não!



Não sabemos disso porque não é divulgado. A imprensa não divulga. Não pode divulgar. É matéria perigosa para jornalistas apontarem os olhos. Não existem olhos direcionados para os escravos.

Enquanto se comemora em 25 de março o Dia Internacional em memória das vítimas da escravidão e do tráfico transatlântico de escravos e 13 de maio comemora-se a Abolição da Escravatura no Brasil, homens, mulheres e crianças, negros, brancos e mestiços, pessoas iludidas por propostas falsas de trabalho, continuam em regime de escravidão.


Desde 1995, quando o Governo reconheceu a existência de trabalho escravo no Brasil, aproximadamente 40 mil seres humanos foram resgatados dessa condição, uma média de 2.600 escravos livres por ano. E em 2011, a estimativa era de que pelo menos 20 mil trabalhadores estariam presos em regime de escravidão.

A fiscalização continua. Silenciosa. Longe dos holofotes. Longe de você. Longe de nós.

Não existe contos de fadas no mundo real. O sofrimento para manter nosso conforto e regalia é desumano. Cada um tem nas mãos o seu chicote, apenas não conseguimos enxergá-lo.

 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Saber, conhecer e crer

A caliente crença contra a gélida razão.
A fé quente contra a ciência fria.
A bela paixão contra a feia consciência.
Os Estereótipos: 
Mas, será?



Apontam o Pior: Bomba Atômica x Santa Inquisição.

Citam como Qualidade: Medicina Dissecativa x Salvação Claustrofóbica.

É uma Disputa: Felicidade em Terra x Felicidade no Além.

Tem suas Desvantagens:
Vazio material (ambição, luxúria, inveja) x Vazio espiritual (clichê, pequenos horizontes, desmotivação racional).

Afinal, quem piora o indivíduo?

Ciência, sem religião, gera vazio de espírito? x Crença, sem razão, gera desmotivação científica?

Quais as Opções: Avanço tecnológico, porém anárquico? x Avanço social, porém rígido?

Quem disse: A Ciência interferindo no Espírito? x A Religião interditando a Tecnologia?

Será que vai por aí?

E o que é a alegria para os Filósofos e os Religiosos?

Alegria séria? x Alegria triste?

E no meio social? Longe da disputa acadêmico-teológica?

Alegria de intelectual (irônica – metódica?) x Alegria descontraída (desmotivada – saudável?)

Mas e então, onde se encaixa o calor?

Pode-se atacar dos dois lados: cientistas frios ou crentes rabugentos.

No fim, será uma questão de personalidade. Um chato o será intelectual, ou crente.

O erro estaria em se fechar.

Uma mente aberta engloba tanto a ciência quanto a religião.