sábado, 9 de junho de 2012

Voto Obrigatório é Crime 3 - Democracia

A mensagem mais direta se encontra aqui:

"Voto obrigatório é crime"

Mas por que um direito alcançado com tanto suor e luta seria um crime?

Decerto que o voto é um bem democrático e certamente valoroso, mas a questão é: Por quê obrigatório?


 A definição de crime bem poderia ser: "Qualquer ato que restrinja a liberdade alheia".

Mas aceitar tal definição não só incriminaria o sufrágio obrigatório como colocaria nos bancos dos réus várias instituições autoritárias.

Entretanto não é necessário definir o crime dessa forma para me aperceber do abuso que é obrigar o cidadão a votar, pois tão somente é necessário um governo obrigar a população ao sufrágio e fica-se de luto pela democracia, já que o povo não exercerá sua livre opção de não crer na máquina governamental, abstendo-se de participar.

Mas o governo exercerá um poder de autoridade irrepreensível perante a população, tornando infame a qualificação de "sistema democrático" - parecendo-nos mais um "sistema governocrático", onde os integrantes do governo é quem manda e estão, segundo as leis do país, acima e separados da população civil. Pois um cidadão é dito "comum" num momento em que uma autoridade governamental tem suas imunidades.

Porque para a democracia o povo tem voz e poder com as eleições. Mas só até aí. Pois quem ditará as regras serão os políticos, e não a população - que terá transferido seu poder.

E, conquanto um civil possa ascender legalmente ao governo, seu status de simples "civil" terá desaparecido ao tornar-se uma "autoridade".

Sendo assim uma piada de mau gosto dizer que é o povo quem governa. E você me dizer que o povo tem poder de veto com o voto, e que pode retirar de seu cargo qualquer político que não cumpra seus deveres, aí já está no humor negro...

Com isso, ainda temos:

"Democracia - Definição: É o sistema que culpa os eleitores pela corrupção do governo, transferindo sua irresponsabilidade para o povo".

Dessa forma, o povo limita seu poder apenas ao voto, tornando-se cúmplice, e recebendo a alcunha de incompetente quando os governantes exercem sua função de corruptos com plenos poderes.

Ou seja, a Democracia prevê que a culpa será sua, por ter votado neles - os políticos, quaisquer que sejam - enquanto que eles podem se defender com as leis que - por quê não? - já haviam desenvolvidos para prevenir a situação.

De fato, toda a carga é jogada nas costas dos eleitores e distorce a questão para desaparecer o elemento apodrecido que é o político.

Seus atos são corruptos. Errados. Ultrajantes. Criminosos. E um povo não pode prever as safadezas que cada governante fará.
A culpa é sua pela ineficiência dos políticos? O povo é culpado por não acompanhar ou cobrar dos políticos?

"A cada 4 anos a má administração do Governo culpa o povo"

E, levando em conta que os políticos ganham pelo menos 20 vezes mais que você... o que te faz pensar que eles pedem votos por altruísmo?

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Voto Obrigatório é Crime 2 - Falar é Pensar?

Sim! somos todos iguais. Quando escolhemos um candidato este torna-se Deus, e os demais o Diabo. Uma imposição psicológica que não diferencia o nível social - todos são abatidos por isso. Pois, meu candidato salvará a Nação. O deserto tornará floresta. A comida cairá do céu. E o planeta viverá na tão sonhada harmonia.

E o seu candidato? Ele é um enviado do demônio! Quer destruir todo o Universo conhecido. Roubará nosso dinheiro. Aumentará os impostos. Anulará as leis que me beneficiam.

Quem consegue fugir disso? Os mais exaltados glorificam o seu Escolhido, e acusam de todas as formas os outros. Os intelectuais da Nova Era (um pessoal que acha que pensar é adotar o ponto de vista das letras de música; decora que não faz parte de um tal rebanho; ou, estudou tanto que confunde padrão educacional com inteligência; ou, quem viveu o bastante para impor uma experiência que não teve, usando como desculpa a idade) falam o mesmo que o povão, porém de forma enrolada. Usam argumentos e mais argumentos; invocam o passado manchado do adversário; superestimam as obras mais simples abençoadas pelo seu.

Qualquer argumento que tenta menos defender um candidato e mais demonstrar a própria inteligência e conhecimento político. Um problema de ego social, enfim. Pois, para tantos: "falar é pensar". E quem não se maravilha com aquele que fala, argumenta, e sempre tem a palavra final numa discussão? Político, pastor, intelectual, estudante de um curso qualquer da área de conhecimentos humanos. "Falar é pensar".

Seres pensantes procurando por galhos podres numa árvore que não se aguenta de tão apodrecida. Murcha e caindo aos pedaços tenta enfeitar sua podridão com luzes coloridas. Brilhantes e cintilantes, mas que não consegue esconder um auto-estrangulamento formado da disputa política interna. Perde força chicoteando-se, e se depravando.

E os intelectuais da Nova Era não conseguem largar a tesoura de jardinagem que usam para podar a árvore - não sabem usar serra elétrica.

E nesse ínterim, o voto obrigatório é a certeza de que pelo menos um galho vai sobreviver intacto para fazer crescer e perpertuar a árvore apodrecida.

O voto. Como escolher quais galhos cortar? Girando ao redor de um algo massivo e inviolável: o tronco, o Estado.

E como nascerá bom fruto de um gérmen apodrecido?

"A esperança é a última que morre". Sabe quem mais sabe disso?

Voto Obrigatório é Crime 3 - Democracia 

Voto Obrigatório é Crime 1 - Viva a Festa da Democracia

Mais uma eleição vem, mais uma eleição vai. O que muda para nós? O que muda na prática? O que difere nos discursos políticos? O que difere entre tantos partidos políticos? E afinal, o que estimula alguém a entrar na "carreira política"?

A eleição é sarcasticamente chamada de "festa da democracia".

Festa?

De certa forma é, pois os políticos conseguem psicodelizar nossas mentes. Prometem o mundo para nós. Utilizam discursos não pouco autopromoventes, fazem apresentações com bandas que nem relação tem com os problemas sociais e suas soluções, uns eventos convenientes, até nos subornam, direta ou indiretamente ao longo de um longo ano político.

Eu tenho conhecimento disso, mas ainda assim, irei votar. Vai ficar por isso mesmo.

Sou obrigado.

Posso não ir aos discursos; posso não aceitar o suborno; posso não festejar. Posso até nem saber quem diabos está se candidatando para desviar meu dinheiro. Mas querem meu voto, o que posso fazer?


Uma festa para os políticos, não seria?

E por que não? A cada ano em que há novas eleições fica a certeza de que nós reservamos a velha esperança em velhas promessas.

Por que mudariam estas promessas? O que mais poderiam prometer além do óbvio?



Um político não pode prometer mais do que prometeu Hitler ao tentar - e conseguir - ganhar sua eleição. E nada como uma boa dose de carisma e oratória para nos convencer. Nada como atacar o despreparo do candidato adversário para nos simpatizar. Nada como a difamação para nos alegrar.

Pois é festa!

Não importa o conteúdo massante de um discurso que se ofusca bloqueado por nossa mente desinteressada. Quem quer saber dos problemas dos outros? E a miséria? E o descaso de sei lá quem? Pois é festa!

Sorriso forçado, cara de bom amigo, e um apelo de "Vote em mim" para fechar com chave de ouro a brilhante atuação de mais um defensor dos fracos e oprimidos. Se veio acompanhada de uma música alegre a lavagem é mais eficiente. "Está na hora da mudança", ou rimas com o nome ou o número do candidato. E quando mantém uma aparência séria? é piada! Risos e satisfação se faz presente nos bastidores.


O sufrágio universal o que resolve?


A chamada festa da democracia não seria um momento em que todos somos iguais? Não existindo pobre, nem rico, não existindo analfabeto, nem letrado?

Voto Obrigatório é Crime 2 - Falar é Pensar?

segunda-feira, 12 de março de 2012

Louco, destruído, morto... nas HQs


Histórias em quadrinhos são um bom entretenimento, e eventos grandiosos sempre estão acontecendo nesse universo ficcional para chamar a atenção e vender mais.

Mas, o leitor sempre ganhou com essa disputa para ver quem vende mais, como foram as mudanças que ocorreram anos atrás, entre os heróis mais conhecidos da época. Não bastava surrá-los e detoná-los, necessitava-se de mais.

E assim, Hal Jordan, o Lanterna Verde, enlouqueceu após descobrir que sua cidade natal fora destruída, e quebrou o pau com todos os seus ex-companheiros na história “Crepúsculo Esmeralda”.


 “É muito tentador... O poder de ressuscitar aquilo que não existe mais... com a máxima perfeição. Ressuscitar os mortos, corrigir as imperfeições, reescrever a história com final feliz! O poder de ser Deus.” – Hal Jordan


Um dos maiores clássicos do Batman foi sua derrota esmagadora no arco de histórias denominado “A Queda do Morcego”. Levado ao extremo físico e psicológico pelo seu novo inimigo Bane, o cavaleiro das trevas foi se debilitando aos poucos enfrentando os maiores vilões de Gotham City, como Coringa, Espantalho, Zsasz e Hera Venenosa. Apenas um prelúdio para a batalha final contra Bane.


 “Até respirar é difícil. Preciso tentar... mesmo sem forças... sem velocidade... sem reflexos.” - Batman


O maior herói de todos os tempos enfrentava o dia do apocalipse. Um apocalipse, certamente. Quem lê a história tem a impressão de que se o Superman morrer, todos morrem com ele. Pois, se existe uma criatura que consegue derrotar o homem de aço, quem conseguiria derrotar tal criatura? E o mundo (os EUA) era destruído aos poucos, num verdadeiro apocalipse.

Apenas jogada de marketing dizem alguns (e qual produto não é vendido dessa forma?). Mas a titânica batalha em meio a Metrópolis não seria igualada nunca mais...


 “’Problemas’ não é bem a palavra Super-Homem! Se quer minha opinião, nós trombamos com o próprio apocalypse!” – Gladiador Dourado


Se quiser dá uma viajada nesses grandes eventos:

Crepúsculo Esmeralda: Crepúsculo Esmeralda
A Queda do Morcego (em espanhol): A Queda do Morcego
A Morte do Super-Homem: A Morte do Super-Homem

É isso aí!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Rock e a Morte

O casal que viveu intensamente a juventude, mas que envelheceu careta, se separou, e nem se entreolham mais.


Ele agora diz que ela foi um passado inconseqüente. Ela rebate, dizendo que ele não é mais criativo como antes, agora é óbvio demais.


Porém, seu relacionamento deixou boas lembranças. Gerou bons frutos. Criou o nosso “way of life” – com suas qualidades e defeitos, mas sempre acreditando ser livre.


Antes de hoje, era “sexo, drogas e rock’n’roll”.


E a morte estaria ao lado, pronta para dançar com aquele que ousasse ser mais livre que o modismo.


Os convidados dessa festa:


Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison.


Os maiores representantes da geração “sex, drugs and rock’n’roll” morreram todos aos 27 anos ao findar os anos 60. Depois do Monterey Pop e do Festival de Woodstock, nada parecia tão emocionante que os fizesse recusar a parceria com a jovem Morte.



Jimi Hendrix no Monterey Pop Festival, apresentado por Brian Jones - Rolling Stones.



Janis Joplin, com voz explosiva, canta Try no Festival de Woodstock.



Jim Morrison em Light My Fire, é sexo, drogas e rock’n’roll.



O relacionamento entre o Rock e a Morte começou com um flerte enamorado no final da década de 60. Brian Jones, multi-instrumentista e membro-fundador dos Rolling Stones, foi encontrado submerso nas águas da piscina de sua residência no ano de 1969. O homem que apresentou a banda “The Jimi Hendrix Experience” dois anos antes, no Festival Pop Monterey, morria, aos 27 anos de idade.



Paint it Black – a mente por trás do sucesso, com a cítara.


1967 foi a data de nascimento do quinto integrante no salão principal da dança da Morte. O compositor, vocalista e guitarrista da banda Nirvana, Kurt Cobain, entrou de penetra na dança, ao seu estilo: um tiro de espingarda atravessando sua cabeça. A Morte não resistiu a tal cortejo, ficou lisonjeada.



Kurt Cobain: Voz depressiva mas potente. Escarneceu de quem queria ser sério. Tome Scoff.


O Grunge do Nirvana foi diretamente influenciado pelo Punk Rock de outrora. Uma Anarquia no Reino Unido dos Sex Pistols que havia animado a já por uma década entediada Morte, na segunda metade dos anos 70. Ela enamorou-se de Sid Vicious, baixista da banda inglesa, e o levou para o meio do salão em 1979, após uma overdose.



3 acordes? E tu lá sabe o que é isso, Mané!


Se o “ódio e destruição” entrava em luto em 1979, a “paz e amor” o faria em 1980. John Lennon fundou a banda que se tornaria os Beatles em 1957 e logo convidaria Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Saindo dos rebeldes anos 50 e atravessando os conturbados anos 60 alcançava-se os confusos anos 70. Mas só poria um pé nos melancólicos anos 80. Mark Chapman apresentou a amadurecida dançarina.



Presente para os fãs: Beatles Cartoons.



“Eu prefiro morrer antes de ficar velho”, o guitarrista escreveu, o vocalista pronunciou, o baterista aceitou, e a Morte compareceu. Keith Moon, baterista do The Who, morria aos 32 anos.



Destruindo tudo! It’s My Generation, Baby!


Passando pelos anos 70 e chegando aos anos 80, o Rock foi representado por duas ondas maiores: por um lado o Pop Rock num tom por demais deprimido, e por outro com o Heavy Metal, por demais teatral. Terminando essa era houve um parceiro de honra para a Morte no início dos anos 90. O líder do Queen, Hard & Glam: Freddie Mercury.


Killer Queen de 1974.


Se o vírus da AIDS era perigoso, a senhora Morte se sentiu contagiada. Assim, pulou de um relacionamento a outro com Cazuza e Renato Russo.



A ideologia de Cazuza; e nossos heróis morreram de overdose, parada cardíaca, AIDS...



Será? Rock para quem não entende o que é isso.


A Morte chegou ao século XXI e logo tocou um coração: Cássia Eller.



O Segundo Sol, ao vivo, para sonhar.


A pluralidade de danças a que a Morte se encantava alcançou o século XXI. E Amy Winehouse desviou para o salão de Jazz-Soul essa parceira indomada do Rock que se chama Morte.



Fuck me Pumps, “então aposente seu salto alto de puta”. Uau!


E se é da bela Morte que vos falo, então deixo aqui essa poesia, do mestre Raul Seixas:



Canto para a minha Morte


Mas antes de findar, a jovem Morte garante que também dançou com o célebre Rei, em 1977, após um ataque cardíaco aos 42 anos.



Com a palavra o Rei, em My Way

A Morte dançou com o Rock, tornando-o Imortal.
Valeu! e abraços!

Escravos - é sério!

Aprendemos na escola que os escravos eram negros que foram trazidos à força para o nordeste do Brasil com a intenção de realizar trabalhos para os brancos europeus. Assim como os índios, que não eram apenas catequizados, pois na porção sudeste de nossa terra amada a chegada de negros escravos era dispendiosa devido à distância e os bandeirantes os capturavam para a escravidão nas lavouras paulistas.



Depois, crescemos e descobrimos o significado de preconceito, racismo, desigualdade social. Talvez até que a violência seria fruto disso. Negros seriam favelados, ladrões, e até macumbeiros!



Nos aprofundamos mais no assunto desencavando a noção de diferença religiosa, de quem vai para o céu ou para o inferno, e que os escravos eram proibidos de praticar sua religiosidade pagã, idólatra, bárbara, demoníaca. Nem mesmo teriam alma. Nem negros nem índios deveriam existir, apenas os cristãos. E descobrimos textos de jesuítas que por um lado criticavam os maus tratos cometidos por senhores de escravos, mas por outro pregavam o trabalho árduo dos escravos para purificar seus corpos visando à salvação. Admoestavam os senhores que privassem os escravos dos sacramentos da igreja, mas taxavam estes de preguiçosos quando desafiavam os senhores, pois não eram “bons escravos”.

Foram suprimidos, espremidos, sufocados. Tiveram o sangue derramado. Mas resistiram. O cristianismo branco europeu não triunfou. Mas foi quase... e ainda hoje é maioria.

Hoje. Mais de um século após o assim chamado fim da escravidão. Quando ‘liberdade’ é entendida como ‘Faze o Que Tu Queres’ e falar o que pensa sobre tudo é sinal de inteligência – resultado lógico da existência da internet.



Nós – eu e você – temos uma crença.

Acreditamos que as redes sociais alcançaram o mundo e além. Que todos estão conectados e felizes com imagens e informações, atingindo, invadindo, penetrando todos os lares e recantos. Sabemos de tudo. Nada nos escapa. A internet nos deu onisciência.

Pois bem.

Você sabe quem são os 52 escravos libertados numa zona rural do Estado do Pará, nesse início de 2012? Os 35 libertados, incluindo três adolescentes, de uma área da Madeireira Miguel Fortes em Bituruna, Estado do Paraná? Os 38 escravos na construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia? Os 81 escravos utilizados na Usina Paineiras, em Itabapoana, RJ, em 2009? Os 95 escravos da Fazenda Marrecas, em Campos dos Goytacazes, RJ, em 2010? E os 401 encontrados na Usina Santa Clotilde S/A, Alagoas, em 2008?

E os 11 escravos libertados em 2010 da fazenda de Fernando Jorge, este um dos homenageados pela Câmara de Cubatão anos antes, mesmo após denúncias? E os 39 escravos na colheita de café, em Marechal Floriano, Espírito Santo, sob a supervisão de Luiz Carlos Brioschi e Osmar Brioschi, este homenageado com placas e diplomas na Assembléia Legislativa do Espírito Santo dois dias depois da divulgação da libertação de seus escravos?

Nove escravos foram encontrados, em 2009, sob as asas do político Evanildo Nascimento Souza, na época secretário do Meio Ambiente de Goianésia do Pará (PA). Isso mesmo que você leu: Secretário do Meio Ambiente.

A Região Centro-Oeste de nosso amado país liderou o número de libertações em 2011, conseguindo libertar 742 escravos. Um ano antes, o Sudeste resgatava 992 homens, mulheres e crianças da condição de escravidão.

As fazendas de gado, os canaviais, as carvoarias são as atividades que apresentam maiores índices de libertação de escravos. A construção civil e oficinas de costura também elevaram a estatística da exploração.

Mas quem vê esses escravos? Você vê? Eu vejo? Não, não vemos. Mas não porque eles estão encobertos no meio do mato, numa distante fazenda, nem na zona rural, ou florestal.

 

Não!



Não sabemos disso porque não é divulgado. A imprensa não divulga. Não pode divulgar. É matéria perigosa para jornalistas apontarem os olhos. Não existem olhos direcionados para os escravos.

Enquanto se comemora em 25 de março o Dia Internacional em memória das vítimas da escravidão e do tráfico transatlântico de escravos e 13 de maio comemora-se a Abolição da Escravatura no Brasil, homens, mulheres e crianças, negros, brancos e mestiços, pessoas iludidas por propostas falsas de trabalho, continuam em regime de escravidão.


Desde 1995, quando o Governo reconheceu a existência de trabalho escravo no Brasil, aproximadamente 40 mil seres humanos foram resgatados dessa condição, uma média de 2.600 escravos livres por ano. E em 2011, a estimativa era de que pelo menos 20 mil trabalhadores estariam presos em regime de escravidão.

A fiscalização continua. Silenciosa. Longe dos holofotes. Longe de você. Longe de nós.

Não existe contos de fadas no mundo real. O sofrimento para manter nosso conforto e regalia é desumano. Cada um tem nas mãos o seu chicote, apenas não conseguimos enxergá-lo.

 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Saber, conhecer e crer

A caliente crença contra a gélida razão.
A fé quente contra a ciência fria.
A bela paixão contra a feia consciência.
Os Estereótipos: 
Mas, será?



Apontam o Pior: Bomba Atômica x Santa Inquisição.

Citam como Qualidade: Medicina Dissecativa x Salvação Claustrofóbica.

É uma Disputa: Felicidade em Terra x Felicidade no Além.

Tem suas Desvantagens:
Vazio material (ambição, luxúria, inveja) x Vazio espiritual (clichê, pequenos horizontes, desmotivação racional).

Afinal, quem piora o indivíduo?

Ciência, sem religião, gera vazio de espírito? x Crença, sem razão, gera desmotivação científica?

Quais as Opções: Avanço tecnológico, porém anárquico? x Avanço social, porém rígido?

Quem disse: A Ciência interferindo no Espírito? x A Religião interditando a Tecnologia?

Será que vai por aí?

E o que é a alegria para os Filósofos e os Religiosos?

Alegria séria? x Alegria triste?

E no meio social? Longe da disputa acadêmico-teológica?

Alegria de intelectual (irônica – metódica?) x Alegria descontraída (desmotivada – saudável?)

Mas e então, onde se encaixa o calor?

Pode-se atacar dos dois lados: cientistas frios ou crentes rabugentos.

No fim, será uma questão de personalidade. Um chato o será intelectual, ou crente.

O erro estaria em se fechar.

Uma mente aberta engloba tanto a ciência quanto a religião.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Bohr, a Física Quântica e a Segunda Guerra Mundial.

A história da vida de Niels Henrick David Bohr é instigante, e não apenas por que ele ajudou a criar o Admirável Mundo Novo em que já vivemos ao desvendar os mistérios da estrutura atômica e alicerçar a física quântica, mas por causa de suas aventuras pela sobrevivência em plena segunda guerra mundial.

O romance de Niels Bohr com a teoria quântica de Max Planck se iniciou em sua tese de doutoramento, com a teoria dos elétrons dos metais. Ele argumentou que o magnetismo revelava inadequações à teoria dos elétrons dos metais, que apesar de dar conta da parte qualitativa não dava conta da parte quantitativa. A física clássica não funcionava no nível subatômico. Uma nova física precisava surgir.

Na Primavera de 1912, Niels Bohr passou a trabalhar no laboratório do professor Rutherford, em Manchester. Neste laboratório, Bohr realizou um trabalho sobre a absorção de raios alfa, que foi publicado na “Philosophical Magazine”, em 1913. E começou a se dedicar ao estudo da estrutura atômica após a descoberta do núcleo atômico pelo professor Ernest Rutherford.

Ao aplicar a teoria quântica de Planck ao modelo do ‘sistema solar’ do átomo, Bohr dava o primeiro passo à nossa Era Moderna. E se tornava, ao lado de Einstein, um dos gigantes da física do século XX.

As discussões entre os dois gênios estão entre os grandes épicos da história da ciência. E, quando Einstein ousou dizer: “Deus não joga dados com o Universo”, Bohr rebateu: “Pare de dizer a Deus o que Ele deve fazer”.

No final da década de 1930, concebeu um modelo que descrevia a composição do núcleo atômico e seu funcionamento. Nesse ponto, uma vez mais, ele considerou o comportamento nuclear em termos da mecânica quântica. Foi o primeiro a descrever o que efetivamente acontecia durante uma fissão nuclear. E o fez em 1939, imediatamente após ela ter sido descoberta, como resultado dos experimentos do alemão Otto Hahn e sua colega judia alemã Lise Meitner – obrigada a fugir da Alemanha nazista em meio ao trabalho que desenvolviam.

Outros cérebros científicos que fugiram da Alemanha sob o nazismo foram: Erwin Schrödinger (que desenvolveu a versão ondulatória da mecânica quântica) e Max Born (que formulou a interpretação da densidade de probabilidade dessa ciência), além de Hans Krebs (descobridor do ciclo do ácido cítrico no interior das células – o ciclo de Krebs). Porém, o mais célebre foi Albert Einstein, que em visita aos Estados Unidos resolveu não mais voltar.
Heisenberg e Bohr
Ao tomar conhecimento dos avanços das pesquisas relativas a fissão nuclear, Bohr, em visita aos Estados Unidos, advertiu Einstein de que a Alemanha nazista tinha conhecimento teórico suficiente para iniciar pesquisas visando a fabricação de uma bomba atômica. Em conseqüência, Einstein escreveu ao presidente Roosevelt, que rapidamente criou o Projeto Manhattan, com o objetivo de criar uma bomba atômica americana antes da alemã.

Em 1940, a Dinamarca foi invadida pela Alemanha nazista, e Bohr fez o possível para manter a integridade de seu Instituto. E, em 1941, foi visitado pelo físico alemão Werner Heisenberg, autor do Princípio da Incerteza. A relação entre os dois esfriara devido aos fatos históricos. Heisenberg foi o primeiro cientista importante a permanecer na Alemanha nazista. Em seu encontro com Bohr na Dinamarca ocupada pelos nazistas, Heisenberg entregou-lhe um diagrama criptografado mostrando os avanços do programa atômico nazista – na verdade, de um protótipo de reator que não funcionou muito bem.

Em setembro de 1943, Bohr ficou sabendo que iriam prendê-lo devido ao seu manifesto desprezo pelos nazistas. Um plano de fuga foi logo elaborado. Bohr e a família foram deslocados para uma casa no subúrbio de Copenhague. Ao anoitecer, rastejaram pela campina até uma praia deserta, e lá embarcaram num barco pesqueiro, navegando 24 quilômetros até a neutra Suécia, deixando para trás as patrulhas marítimas alemãs.

Ao chegar, Bohr foi enviado às pressas para Estocolmo. Assim que sua fuga foi descoberta, o serviço secreto alemão recebeu ordens de matá-lo tão logo fosse avistado. Embora Estocolmo estivesse fervilhando de agentes alemães, e houvesse vários simpatizantes alemães em cargos oficiais, Bohr conseguiu uma audiência com o rei. Este ameaçou pôr em risco a neutralidade sueca e manifestou repúdio à violação de direitos humanos ocorrendo em território dinamarquês – Bohr o noticiou do plano nazista de enviar cerca de 8.000 judeus dinamarqueses para os campos.

Alguns dias mais tarde, o governo inglês enviou um bombardeiro mosquito, sem identificação, até a Suécia para resgatar Bohr. Os agentes nazistas sabiam então tanto sobre o bombardeiro quanto sobre Bohr (que na ocasião se encontrava em outro lugar). Estavam dispostos a tudo para evitar a saída do físico dinamarquês. Após uma série de aventuras e infortúnios dignos de qualquer romance de espionagem, Bohr finalmente embarcou secretamente no compartimento vazio de bombas do mosquito, que decolou protegido pela escuridão. Despistou a Luftwaffe (aviação alemã) em seu vôo sobre a Noruega ocupada e cruzou o Mar do Norte rumo à Inglaterra. Bohr, então com 57 anos, corria o risco de morrer congelado. Quando o mosquito finalmente pousou com segurança, Bohr estava quase inconsciente em conseqüência de hipotermia e falta de oxigênio.

Bohr mal teve tempo de se aquecer na Inglaterra (um processo um tanto longo devido à falta de combustível decorrente da guerra) e foi levado para os Estados Unidos. Associou-se imediatamente ao Projeto Manhattan, viajando para o laboratório secreto de Los Alamos, onde a bomba estava sendo montada.

Após desempenhar um papel na criação da primeira bomba, ficou naturalmente horrorizado ao ver seu efeito. Logo começou a usar seu prestígio para tentar convencer os altos escalões a interromper qualquer pesquisa vinculada à bomba nuclear – em vão.

Um dos fundadores do Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear (CERN), Bohr morreu a 18 de Novembro de 1962, vítima de uma trombose, aos 77 anos de idade.

E a aventura continua através da ciência rumo ao desconhecido. Pois não é a dificuldade um obstáculo, mas um estímulo.


Referência: Bohr e a Teoria Quântica. Col. Cientistas em 90 minutos. STRATHERN, Paul. Ed. Jorge Zahar.